Minha trajetória

Minha trajetória é feita de encontros, estudos e experiências que, ao longo do tempo, foram moldando meu modo de compreender a psicologia e o cuidado. Cada etapa — na clínica, na universidade, na minha clínica, nos meus grupos, na minha jornada espiritual, e na vida pessoal — me ensinou algo sobre o humano, sobre o pathos, e sobre essa força que nasce quando somos escutados e compreendidos com presença e amor.
Este é um resumo das vivências que contribuíram para formar não apenas o psicólogo que me tornei, mas também a pessoa que continua se desenvolvendo e aprendendo ao estar com o outro.

O Ser antes da psicologia

Nasci em Fortaleza, em 2 de abril de 1993, e vivi uma infância tranquila e feliz, cercado por uma família grande e com uma forte ligação espiritual. Desde os meus ancestrais mais remotos havia a presença das curandeiras e rezadeiras, e essa atmosfera sempre esteve muito presente na minha casa.

Ainda comigo sendo um bebê, minha família se converteu à igreja evangélica, e foi nesse ambiente, nas comunidades batistas, que cresci e tive acesso a um estudo bíblico profundo e dedicado. Essa relação com o sagrado a partir de um estudo focado e comprometido com as escrituras e com a tradição cristã despertou em mim, desde cedo, o gosto pelos mitos vivos, pela leitura, pela pesquisa e pela reflexão. Eu me lembro de uma Bíblia de estudos que ganhei quando criança — nela havia notas arqueológicas, mapas, imagens dos lugares citados nas escrituras. Aquilo tudo me fascinava.

Desde pequeno, eu me interessava por história dos heróis, arqueologia dos mundos antigos e pelas grandes perguntas da alma humana. Gostava de comtemplar o céu, as estrelas, as pessoas e imaginava como seria compreender o mistério no cerne de tudo isso. Meus pais costumam lembrar de que, quando criança, eu dizia querer ser quando crescesse alguem que iria “descobrir uma cura para o mundo”. Não pensava necessariamente em ser um médico, mas em ser um tipo de cientista de curas — alguém que unisse conhecimento e cuidado.

Aos 13 anos, me batizei na Igreja Batista Betel Independente. Durante a adolescência, porém, comecei a procurar respostas para a minha busca além das doutrinas cristãs, impulsionado por questionamentos e por uma busca mais ampla. Aos 16 anos tive meu primeiro contato com o Dharma do Budismo, e isso abriu novas portas de compreensão. Aos 18, passei a estudar também o Espiritismo de Allan Kardec, e essas leituras foram ampliando meu olhar sobre a espiritualidade e a vida.

Essas experiências formaram a base da minha relação com o humano e com o sagrado. Antes mesmo de entrar na universidade, eu já me via em um caminho de investigação — tanto interior quanto existencial — que mais tarde encontraria na Psicologia Analítica um espaço natural de continuidade e expansão.

black blue and yellow textile
black blue and yellow textile

People and culture

Ingressar na Universidade Federal do Ceará foi um marco. Desde o início, senti que estava no lugar certo. A Psicologia me oferecia a possibilidade de compreender a mente e o coração humanos em profundidade. As áreas que mais me atraíram foram a clínica e a hospitalar, especialmente voltadas a quadros graves — como esquizofrenias, transtornos de personalidade, depressões severas, adicções e estados psicóticos. Sempre me tocou a complexidade desses sofrimentos e o desafio de oferecer escuta e cuidado diante do que há de mais profundo no humano.

As disciplinas de Filosofia foram fundamentais. Estudar Nietzsche, Foucault, Kant e os gregos ampliou meu modo de pensar o mundo e a subjetividade. Dentro da Psicologia, mergulhei em psicanálise, psicodiagnóstico/testagem psicológica e psicologia analítica. Desde cedo, mitos e arquétipos me encantavam por revelarem aspectos simbólicos e atemporais da psique. Leituras de Freud, Jung, Deleuze, Guattari e Sartre, somadas às perspectivas humanista e existencialista, moldaram um olhar clínico e filosófico que sigo cultivando.

No Plantão Psicológico, aprendi a lidar com o sofrimento na urgência: acolhimento breve e focal, sem perder a profundidade. Essa prática refinou meu senso de tempo terapêutico e de precisão no cuidado.

No Laboratório de Psicanálise, participei de debates como o Cine Freud, analisando filmes à luz da teoria psicanalítica. Isso ampliou meu olhar para o simbólico e para as formas de expressão do inconsciente.

Casa Despertar — estágio em clínica da adicção (2016): foi uma das experiências mais intensas da graduação. Atuei em atendimentos individuais e em grupo, participei de ações psicoeducativas com famílias e aprendi a manejar crises num contexto de adicções graves (dependência química com comorbidades psiquiátricas, recaídas, lutos e rupturas familiares). Ali, compreendi melhor a dinâmica da ambivalência, a importância da rede de apoio e o valor de intervenções claras, consistentes e compassivas. Essa vivência solidificou meu interesse pela clínica de maior complexidade e por uma abordagem que integra limites, presença e esperança.

No COSMOS — Centro de Orientação sobre a Morte e o Ser, aprofundei estudos em tanatologia e coordenei grupos de introdução à Psicologia Analítica. Ensinar me ajudou a consolidar fundamentos junguianos. Também fui um dos fundadores da Liga de Psicologia Analítica da UFC, promovendo cursos e encontros sobre mitologia e arquétipos. Para enriquecer essa dimensão simbólica, cursei Mitologia Grega (Letras) e Mitos e Arquétipos (História).

Meus estágios supervisionados incluíram um centro de acolhimento de idosos, onde a escuta da memória, solidão, abandono e finitude exigiu presença e delicadeza; e os estágios clínicos com atendimentos semanais e processos mais longos, que me aproximaram da prática profissional.

Ao fim desse ciclo, a universidade me ensinou sobre a riqueza da experiência humana, a ética da escuta e do cuidadp e a investigação constante na natureza humana. E confirmou algo essencial: quanto mais conhecemos, mais se amplia nossa visão — e melhor podemos cuidar.

gray concrete wall inside building
gray concrete wall inside building
white and black abstract painting
white and black abstract painting
woman wearing black scoop-neck long-sleeved shirt
woman wearing black scoop-neck long-sleeved shirt
Esther Bryce

Founder / Interior designer

woman in black blazer with brown hair
woman in black blazer with brown hair
Lianne Wilson

Broker

man standing near white wall
man standing near white wall
Jaden Smith

Architect

woman smiling wearing denim jacket
woman smiling wearing denim jacket
Jessica Kim

Photographer